domingo, 5 de abril de 2009

Ecological Footprint e Geoprocessamento? Podemos salvar o planeta?

Taaarde pessoar!

Estava de bobeira em uma "comunidade" do LinkedIn quando um rapaz lá perguntou sobre como o Geoprocessamento pode auxiliar empresas e órgãos públicos à diminuir sua Pegada Ecológica.

Bem, o Geoprocessamento pode ajudar e muito. Existe uma organização chamada Footprint Network que estabelece os métodos e técnicas para se calcular diversos indíces indicando a qualidade dos espaços naturais e urbanos. Fiz uma pequeno resumo em cima da metodologia apresentada e lhes apresento-o aqui. Claro, o texto completo é muito melhor e interessante, então aqui fica só um gostinho para vocês acessarem o site da Footprint Network e pensar em como podemos integrar estes cálculos ao geoprocessamento.

"O conceito de pegada ecológica (ecological footprint) é uma ferramenta para medir quanto espaço bioprodutivo está disponível no planeta, e quanto é apropriado para auso humano. A medida é usada em terra quanto no mar.

É uma medida expressada em hectares globais, e é resultado da normalização da produtividade média mundial. É uma medida usada em diversas escalas, tanto globalmente quanto em escalas nacionais e regionais. Uma medida de pegada ecológica de um país representa a capacidade biológica necessária para produzir bens e serviços consumidos pelos residentes daquele país e bem como a capacidade daquele local de processar e depurar os resíduos.

Estes dados se derivam de diversas agências internacionais de renome, como a Food and Agriculture Organization (FAO), International Energy Agency (IEA), Un Statitistics Division, entre outros;

Biocapacidade

Biocapacidade ou capacidade biológica é a capacidade de ecossistemas de produzirem materiais biológicos úteis para o ser humano, e absorver os resíduos gerados pelos seres humanos.

Os materiais biológicos úteis são definidos a cada ano, já que mudanças na utilidade de um ou outro material podem variar, como é o caso do milho e da cana-de-açúcar usados na produção de etanol.

Área biológica produtiva

É toda área de terra e água que suporta atividades fotossintéticas significantes e acúmulo de biomassa que pode ser usado pelos seres humanos. Regiões áridas, mar aberto e outras áreas de baixa produtividade não são inclusas.

Em 2003 a biosfera terrestre tinha aproximadamente 11,2 bilhões de ha correspondendo à um quarto do planeta.

Após contadas, as áreas produtivas são divididas pelo número de habitantes do planeta (6.3 bilhões em 2003). Esta medida é a média de terra produtiva disponível para cada habitante do planeta.

Este processo de medir a pegada ecológica biocapacidade de uma cidade, nação ou região é referido como contabilidade da pegada ecológica. Em 2003, a pegada ecológica global excedeu a biocapacidade do planeta em 25%.

Em suma, a pegada ecológica é o custo de cada ser humano, e a biocapacidade, a capacidade do planeta de nos sustentar.

Fundamentos da contabilidade da Pegada Ecológica

Existem seis fundamentos no momento de se calcular a pegada ecológica de um lugar.

1. A maioria dos recursos consumidos e resíduos produzidos pode ser rastreada.

2. A melhor maneira de se medir a pegada ecológica é em termos de quanto de área necessitamos para manter o nível de consumo e produção de resíduos. Recursos e resíduos que não podem ser medidos ou estimados são excluídos do estudo, levando a uma subestimação sistêmica da Pegada Ecológica no mundo. A verdadeira medida é maior.

3. Pesando cada tipo de uso em área ,à sua bioprodutividade, diferentes tipos de áreas podem ser convertidos em hectares globais, medida comum – afim de se realizar comparações.

4. Um hectare global representa um único uso e todos os hectares globais em um único ano representam a mesma quantidade de bioprodutividade, eles podem ser somados para se obter um indicador de Pegada Ecológica.

5. A demanda humana, expressada como Pegada Ecológica pode ser diretamente relacionado a capacidade da natureza – biocapacidade, quando os dois são expressos em hectares globais.

6. A demanda pode exceder a área disponível.

Atividades atualmente excluídas do cálculo da Pegada Ecológica

Por ser um índice histórico, algumas atividades possivelmente perigosas são excluídas do calculo, por não poderem ser medidas, e outras por não afetar o planeta de maneira imediata.

Exemplos são: materiais que não são absorvidos pela natureza, como plutônio, PCBs, dioxinas, e processos que danificam a capacidade produtiva futura, como desertificação de áreas, erosão do solo, perda de biodiversidade, etc.

O uso da água também não é incluso no cálculo, já que o próprio uso de água representa um limite a bioprodutividade de um ecossistema.

As atividades de turismo são contabilizadas no país de destino, não no país de origem do turista, e a geração de energia internacionalmente (como Itaipu) são contabilizados no país de origem do reator. Esta decisão metodológica muda a Pegada Ecológica de alguns países, mas não afeta o calculo global.

Outro fato que ainda não é contabilizado é o Efeito Estufa, já que este é de difícil mensuração e ainda se mostra como uma teoria cientifica incompleta.

Metodologia

A metodologia atual do calculo da Pegada Ecológica está passando por mudanças e é “governada” por um órgão internacional chamado Ecological Footprint Network, que desenvolve os padrões necessários para aferição deste calculo. A metodologia usada é a de Monfreda et al.(2004).

Mais de 200 categorias de recursos são incluídas no calculo, incluindo agricultura, fibras, pesca, madeira e combustível.

Demanda e resíduos são transformados em hectares globais dividindo a quantidade total de um recurso consumida pela media global em área que produz aquele recurso. Este valor é depois multiplicado por um valor de equivalência para expressar a demanda global de cada recurso individual.

Produtos manufaturados ou derivados de matérias primas são convertidos em produtos primários para a realização do cálculo. O equivalente em produtos primários é convertido então em hectares globais.

Principais Tipos de Uso do Solo

Para realização do cálculo da Pegada Ecológica, agrupa-se diversos usos da terra em alguns grupos principais.
• Agricultura (Cropland)
• Pecuária e Criação de Animais (Grazing Land)
• Territórios de Pesca (Fishing Grounds)
• Áreas de Floresta (Forest Area)
• Áreas Urbanizadas (Built-up Land)
• “Carbon Land”
• Energia utilizada durante a vida de um produto

Calculando um Hectare Global

Usa-se um fator de equivalência para cada tipo de uso do solo. Por exemplo, em 2003 um hectare de agricultura tinha um fator de equivalência de 2.21, indicando que este hectare é duas vezes mais produtivo que a média global de outros usos.
Estes fatores de equivalência mudam de país para país, ou seja, um hectare de pasto no Brasil é mais produtivo que um hectare de pasto na África do Sul ou no Afeganistão.

Débito Ecológico

Um déficit ecológico representa em quantas vezes uma população excede a capacidade da natureza de prover o necessário em seu território. Certas nações podem exceder várias vezes a capacidade da natureza de sustentar sua população, mas a importação e exportação de diversos bens muda isto.

Populações mundiais que não estão em déficit, são consideradas com uma reserva ecológica, mas que podem ser compensadas por outras nações e níveis altos de consumo.
O debito ecológico final é a soma de todos os déficits acumulados durante um período de tempo. É expressado como o número de “planeta-anos” de déficit. Um planeta-ano representa toda a produtividade de materiais biológicos úteis pela Terra em um ano.

O atual estado do planeta é preocupante. A humanidade constantemente vem superando a capacidade da natureza em se regenerar e fornecer suprimentos.
Hoje podemos ajudar o planeta de duas maneiras: aumentar a bioprodutividade de certas áreas, através da tecnologia; ou diminuir o consumo.
Especialistas acreditam que somente aumentar a bioprodutividade de alguns ecossistemas seja irresponsável, já que mesmo um grande salto na produtividade não ajudará na auto-depuração da natureza."

George Silva

Texto original: The Footprint Network

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