segunda-feira, 9 de novembro de 2009

O corpo de conhecimento das Geotecnologias e a Geografia. Qual o real significado de uma para a outra?

Buenas noches a todos!

E aí pessoal, como anda a vida? Bem estou em São Paulo e estava lendo um post da lista de discussão da OSGeo. O post estava falando sobre o estabelecimento de um currículo "padrão" para cursos de Geographic Information Science e relacionados. Um equivalente no Brasil seria o curso de técnologo em Geoprocessamento, oferecido por alguns CEFETs (GO, PB, etc).

Bem, o post no final das contas, apontava dois links. Um para a certificação GISP (GIS Professional) e o outro se referia à um livro, editado pela AAG (Association of American Geographers), contendo as bases de formação para um profissional/pesquisador da área.

Bem, um sumário do livro pode ser encontrado aqui. O livro cobre uma diversidade de questões sobre o ensino e pesquisa em Geotecnologias. Eu até pedi uma cópia, por módicas U$25,00 doletas. Deve chegar em um mês.

Mas o mais interessante disso tudo, é um PDFzinho que fizeram, como um "apanhado" geral, de tudo relatado no livro.

Vejam a quantidade de coisas no sumário. Para quem está com preguiça de ver o PDF, vou listar aqui somente os principais tópicos listados:

  • Analytical Methods
    • Academic and analytical origins
    • Query Operations and Query Languages
    • Geometric Measures
    • Basic Analytical Operations
    • Basic Analytical Methods
    • Analysis of Surfaces
    • Spatial Statistics
    • Geostatistics
    • Spatial regression and econometrics
    • Data Mining
    • Network Analysis
    • Optimization and location-allocation modeling
  • Cartography and Visualization
    • History and trends
    • Data considerations
    • Principles of map design
    • Graphic representation techniques
    • Map production
    • Map use and evaluation
  • Design Aspects
    • The scope of GIS&T system design
    • Project definition
    • Resource Planning
    • Database design
    • Analysis Design
    • Application Design
    • System implementation
  • Conceptual Foundations
    • Philosofical Foundations
    • Cognitive and social foundations
    • Domains of Geographic Information
    • Elements of Geographic Information
    • Relationships
    • Imperfections in Geographic Information
  • Data Modelling
    • Basic storage and retrieval structures
    • Database management systems
    • Tesselation Data Models
    • Vector and object data models
    • Modeling 3d, uncertain and temporal phenomena
  • Data Manipulation
    • Representation Transformation
    • Generalization and Aggregation
    • Transactional Management
  • GIS&T and Society
    • Legal aspects
    • Economic aspects
    • Use of geospatial information in the public sector
    • Geospatial information as property
    • Dissemination of geospatial information
    • Ethical aspects
    • Critical GIS
  • Geocomputation
    • Emergece of geocomputation
    • Computacional aspects and neurocomputing
    • Cellular automata
    • Heuristics
    • Genetic algorithms
    • Agent-based models
    • Simulation modeling
    • Uncertainty
    • Fuzzy sets
  • Geospatial Data
    • Earth geometry
    • Land partitioning systems
    • Georeferencig systems
    • Datums
    • Map projections
    • Data qualitiy
    • Land surveying and GNSS
    • Digitizing
    • Field data collection
    • Aerial Imaging and Photogrammetry
    • Satellite and shipboard remote sensing
    • Metadata, standarts and infrastructures
  • Organizational & Institutional Aspects
    • Origins of GIS&T
    • Managing the GI system operations and infrastructure
    • GIST&T workforce themes
    • Institutional and inter-institutional aspects
UFA! Quanta coisa. Cada tópico destes contém um ou mais subtópicos. Vocês podem imaginar que um profissional na área de Geotecnologias consiga dominar (de forma razoável) 90% desta lista?

Existem coisas nesta lista que a maioria de nós, nunca ouviu e talvez nunca nem ouvirá falar. Simulações e Cellular-Automata pode ser uma delas. Bem, como podemos ver é um currículo bastante extenso e completo.

Agora, fica a pergunta: qual é a instituição de ensino, no Brasil, que consegue mostrar a seus alunos, todo este conteúdo? A Geografia, consegue, em partes (muito pequenas) falar de modelos, simulação, análise espacial, entre outros. Peca em diversos outros temas. As faculdades de agrimensura tocam na superfície da maior parte destes assuntos, e priorizam outros. A engenharia cartográfica pode ser a mais completa delas, mas também duvido que consiga, de forma consistente, aplicar toda este rol de matérias, mas peca também, em alguns tópicos sobre análises.

Dos 10 tópicos principais, quais vocês acreditam ser de maior importância ao profissional de Geotecnologias? Se alguém, dizer que domina nove destes assuntos, por favor, me mande seu currículo Latters (no email mesmo) e me conte, por favor, como você fez um pacto com o outro lado.

Agora, para os geógrafos: deêm uma olhada no site da AAG. Deêm uma passeada. Olhem os sumários dos journals e periódicos. Agora entre neste site. Por que temos aqui no Brasil, uma associação tão fraca e que privilegia tão pouco as Geotecnologias?

Só de prestar atenção ao site da AAG, podemos notar que eles realmente conseguem trabalhar com uma única Geografia. Ao meu ver, não existe preconceito da parte dos geógrafos "humanos" com o trabalho da geografia física (no Brasil)?

Logo de cara, quem faz Geografia Física já não seria um positivista, e portanto, um "vendido" por tabela? Somente a Geografia Crítica, a Geografia Marxista e a Geografia do Strogonoff têm seu lugar ao sol? Será que a matemática, a estatística, a análise espacial e as geotecnologias, estejam assim, tão erradas?

Em um momento de muita discussão sobre o lugar da Geografia Física no Brasil, o que podemos tirar deste exemplo?

Só para lembrar: quem fez este currículo (citado acima) não foram os cientistas da computação, nem os "nerds" do sistemas de informação. Foram geógrafos. 


Agora, uma proposta minha: vou tentar pegar um assunto listado acima, e aprofundá-lo. Seja análise espacial, seja modelagem de dados, seja geocomputação. Vou escolher (vocês tem liberdade para escolher, opinar e me mandar...catar coquinho) e tentar destrinchar algumas coisas sobre um tópico em específico. Se fizer sucesso, tentaremos outro e assim por diante.

Um último pedido: se formos discutir geografia, fiquem à vontade. Discussão é saudável e faz bem. Irracionalidade, ofensas pessoais e outras coisas de desinteresse público não são necessárias. Explique seu ponto de vista e assim que possível, continuaremos o debate.

Um abraço,

George

4 comentários:

  1. Grande George! Sempre arrasando nos posts, parabéns!
    Minha sugestão de assunto para os próximos posts: "Metadata, standarts and infrastructures".
    Inclusive recente no MundoGeo foi feito uma enquete sobre o uso de metadados.
    Um Abraço.

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  2. Muito bom o post!

    Minha opinião é que toda padronização e curriculo acadêmico é perigosa. Pode engessar aquilo que deveria ser livre. Mais do que quantidade, os curriculos deveriam priorizar o básico e o ensino da capacidade do aluno de desenvolver soluções em geotecnologias de maneira competente e criativa.

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  3. Olá Vinícius. Obrigado pela sua opinião.

    Concordo em partes com suas idéias, mas não vejo ali uma tentativa de padronizar e planificar os conhecimentos em Geotecnologias. Pelo contrário, vejo uma tentativa de estabelecer as bases para um currículo comum. Você conhece algum engenheiro civil que não fez cálculo 1? Ou um médico que não fez anatomia?

    A idéia não é fixar somente aqueles tópicos, mas desenvolvê-los conforme necessário. Se você olhar o PDF, irá perceber que existem ainda subtópicos! É algo monstruoso.

    Priorizar o básico é algo necessário, sim, mas veja que em todos estes tópicos listados acima, existe o básico.

    Vinícius, muito obrigado pelo comentário e continue participando!

    --

    Anderson, muito obrigado pelo seu comentário. Irei considerar o tópico metadados. Só gostaria de mais opiniões, para pegar um assunto interessante de primeira! Abraços

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